Duvido que haja país da Europa mais húmido que Portugal, agora. Mesmo o Reino Unido e a Irlanda, os campeões da chuva, não podem ter tanta chuva como nós estamos a ter. Aquilo agora por lá deve estar tudo cheio de neve. Eu até gosto dela, eu sei, mas nestes dois últimos dias, tem sido demais. Domingo, apanhei uma tromba de água, ou algo parecido com isso, na A5, e ainda fui presenteado com um dos maiores sustos que apanhei nos meus já quase 300.000kms de moto. Era já noite, e ia de Lisboa para Cascais. Ao chegar próximo da entrada da Cril na A5 desviei-me da faixa da direita para a central por causa da confusão de carros a entrar na auto-estrada. Sim, porque em dias de chuva, com muito trânsito, prefiro ir na A5 pela faixa da direita. Vou muito bem a uns 90, 100 kms/hora, atrás de um carro que seguia a essa velocidade, quando de repente vejo um monte de lata com quatro rodas a mudar-se, mesmo ao meu lado, da faixa da direita para a minha, para o lugar onde eu me encontrava! Isto com chuva, chuva e ainda mais chuva, e muito pouca visibilidade. Primeiro pensei que fosse um pesadelo mas na fracção de segundo seguinte, percebi que era bem real. E percebi também, que tinha que tomar algumas decisões bem importantes, naquele preciso momento. Se travasse, arriscava-me a que a burrinha derrapasse ou que me batessem por detrás. Sim, porque atrás de mim, com tanto trânsito que havia, certamente havia alguém. Se não travasse, arriscava-me a que o monte de lata viesse - num segundo, ou no máximo dois - para cima de mim. E se me desviasse para a terceira faixa, arriscava-me a ser passado a ferro por algum maluquinho que viesse nela a 200 por hora, como por vezes acontece na A5, com chuva e tudo. Só me restou abrandar "suavamente" e tentar "equilibrar-me" entre a segunda e a terceira faixa. Tudo terminou bem e com o distraído, quando depois o ultrapassei, a pedir-me desculpas pelo seu vidro embaciado mas que me assustei como já não me assustava há uns bons tempos, assustei-me. Por uma fracção de segundo, pensei que ia ter um encontro do terceiro grau com a lata que vinha para cima de mim. Felizmente que tal não aconteceu.