domingo, 27 de dezembro de 2009

Venha ela


Quando chegam as primeiras chuvas do ano, dá-me sempre uma nica de medo. Vêm-me à cabeça pensamentos esquisitos de motos a deslizar, pneus traseiros a não nos obedecerem ou, pior, carros desgovernados a virem para cima de nós. Depois, com o passar dos dias e das semanas, vamo-nos habituando, ou pelo menos uma parte do receio vai dar uma volta. Mas este ano, com toda a chuva que tem caído, estou a dar comigo a sentir uma coisa que não me lembro de alguma vez ter sentido a andar de moto à chuva: indiferença, ou, pior ainda, prazer! Já não sei bem quem, mas um amigo há um ou dois anos atrás, disse-me que até tinha prazer em andar de moto à chuva. Na altura não lhe disse nada mas achei que ele ou estava maluco ou estava só a dizer aquilo numa de macho. Mas este ano, com esta chuva toda - e com pneus minimamente decentes também, diga-se - tenho dado comigo a nem ligar para se está a chover ou não e uma vez ou outra até a achar graça andar a passar entre os pingos da dita. Doutô, tá tudo bem comigo?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Que medo que vocês as duas me dão


Quem anda de moto à chuva sabe que quando pinga no chão, todo o cuidado é pouco. Temos que olhar para nós, para quem vai à nossa volta, para qualquer coisa estranha no chão. Um descuido, um azar, e pode ser desta. No meu caso já ando nestas andanças de duas rodas invernais há uns seis ou sete anos, ou talvez mais, confesso que este ano, apesar de ainda não me ter acontecido nada, estou com um medo especial. E isto por dois motivos. Uma chama-se A5 e o outro A8. Na cidade, tirando a segunda circular - que evito a todo o custo e outras "grandes avenidas" - normalmente não se consegue andar muito depressa e como tal o risco de derraparmos ou algo do género é menor. Nas auto-estradas, se não nos pusermos com maluqueiras, teoricamente podemos andar aos 120, mais coisa menos coisa, também sem problemas. Mas cuidado na A5 e na A8. Tanto numa como noutra há armadilhas que podem ser fatais para quem anda de moto com chuva. Na A5 o perigo são os remendos na auto-estrada entre Caxias e a portagem de Carcavelos. Só nas últimas semanas, já senti a roda traseira a derrapar levemente, sempre nos tais remendos. E aquilo está cheio deles, tanto num sentido como noutro. O truque é termos muito cuidado com acelerações e travagens, mesmo pequenas mas o engenheiro que entendeu que aqueles remendos são bons, devia voltar para a faculdade. Aquilo é um perigo. Mas o que se passa na A8 é ainda pior, bem pior. Antes das obras, o piso dos primeiros 20 quilómetros já não era grande coisa. Agora aquilo parece um convite para cairmos no chão, sobretudo com chuva. De falta de aderência a falhas entre faixas, zonas com má marcação no chão e outras, há de tudo um pouco. Tem que se ir devagar, é verdade, mas como quem anda de moto sabe, em auto-estradas com movimento, é quase imperioso acompanharmos a velocidade média do trânsito. Em rectas tudo bem mas ali, naqueles 20 quilómetros, há tudo menos rectas. Há curvas, subidas e descidas, e a maior parte dos carros, com as suas quatro rodas, está-se borrifando para o derrapar. Mas para quem vai de moto, com chuva, é assustador, e se for noite então nem se fala. Aqui há uns dias atrás, vinha de Aveiro nestas condições - e meu Deus como chovia - e por mais de uma vez senti-me sem qualquer aderência. Depois disto, A8 e com chuva, pelo menos à noite, nunca mais. Nem que tenha que fazer um desvio de 50kms ou mais para ir ter à A1. Ainda cá quero estar mais uns anos.